Atlético Mineiro fará os dois jogos das semifinais em casa contra Democrata-GV, seu parceiro, e polêmica toma conta do estado.
A polêmica decisão do Democrata de Governador Valadares, semifinalista do campeonato mineiro, de jogar a partida que teria em casa, contra o Atlético-MG, no Mineirão, gerou um grande tumulto e indagação por parte de torcedores, cronistas e dirigentes cruzeirenses.
A situação é inusitada e causa estranhamento. O Democrata, 3º colocado na primeira fase do estadual, foi proibido de usar seu estádio, o Mammoud Abas, na fase final da competição, em decisão apoiada por um laudo do Corpo de Bombeiros da cidade, que alegou que o estádio não tem condições de abrigar um público de 15 mil pessoas, obrigação estabelecida no regulamento do campeonato para a disputa da fase final. Até aí, tudo bem.
O grande ponto de discussão é que, sem poder jogar em seu estádio, a diretoria da equipe anunciou que fará seu jogo como "mandante" no Mineirão, em Belo Horizonte, ou seja, fora de casa. Com a decisão, a equipe não jogará em casa, terá sua participação na renda mas enfrentará duas vezes a conhecida e temida torcida alvinegra, famosa por empurrar sua equipe em grandes jogos.
O detalhe é que o Democrata é parceiro do Clube Atlético Mineiro, tendo 28 jogadores do seu elenco sido emprestados pela equipe da capital, algo semelhante ao que foi feito por Cruzeiro e Ipatinga nos últimos 3 anos.
Análise
Cronistas mineiros e dirigentes do Cruzeiro abriram o verbo contra a decisão, jungando-a imoral e considerando que ela "joga no lixo" todo o trabalho de recuperação do campeonato que vem sendo feita, com sucesso, pela Federação. De fato, a decisão faz isso.
É certo que jogar no Mineirão para um público de cerca de R$40 mil pessoas vai gerar uma renda superior à que seria gerada por um jogo nas proximidades de Governador Valadares, como Ipatinga, por exemplo. É nesse argumento que muitos defendem e apóiam a decisão do Democrata.
Por outro lado, a equipe não chega a uma fase final do campeonato mineiro a muitos anos, voltou para a 1ª divisão estadual só em 2005 e conquistou vaga na Série C desse ano. O bom momento deveria ser explorado, sua torcida privilegiada. Além disso, a equipe teria boas chances de eliminar o poderoso Galo, já que na última rodada da primeira fase venceu o alvinegro da capital por 2 x 0, jogando em casa.
Outra causa de revolta foi o posicionamento da Federação Mineira, que aprovou a decisão, permitindo que o Atlético Mineiro faça dois jogos em casa nas semifinais.
Concordo com parte da imprensa e com os dirigentes cruzeirenses. A decisão é imoral. O futebol, marca da cultura brasileira e grande paixão do nosso povo, deve servir de exemplo. Parcerias são interessantes, sustentam alguns tradicionais times do interior, mas não podem ultrapassar limites éticos. Cruzeiro e Ipatinga foram parceiros, e em 2005, na final do estadual, a filial bateu a matriz e conquistou o título, dando fim aos boatos de que facilitaria o jogo para o Cruzeiro.
Dessa forma, parcerias funcionam. Mas temos limites. A Federação deveria proeteger seu campeonato e o torcedor, não acatando a decisão do Democrata.
Imoralidade? Acredito que sim. No mínimo, faltou bom senso nas decisões, tanto do Democrata quanto da Federação Mineira.
E que os deuses protejam o futebol.
quarta-feira, 11 de abril de 2007
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