Rivalidade mineira termina o ano de 2007 a todo vapor.
O depto. de Marketing do Clube Atlético Mineiro surpreendeu a todos no último dia do ano, no pódium da tradicional São Silvestre, maratona disputada na capital paulista.
Os vencedores das provas masculina e feminina, Robert Cheruyot e Alice Timbilili, respectivamente, ambos quenianos, subiram ao pódium abraçados por bandeiras do clube alvinegro, causando a ira de dirigentes e torcedores cruzeirenses e levando ao delírio os atleticanos que acompanhavam a prova pela tv.
O inusitado aparecimento da bandeira atleticana nas mãos dos vencedores quenianos ganhou destaque em toda a imprensa nacional, e não apenas na esportiva. O jornal nacional tratou do assunto, em reportagem em que Cheruyot afirmou não ter recebido nada para subir com a bandeira ao pódium, dizendo que sabia apenas que era de um time de futebol e que a achou bonita.
A ação foi um verdadeiro nó que o depto. de Marketing do Atlético Mineiro deu em seu principal rival, que mantém a alguns anos uma forte equipe de atletismo, cujo principal destaque é o campeão pan-americano Franck Caldeira, que sempre enverga a camisa com as cinco estrelas símbolos do clube e se abraça a bandeira cruzeirense nos pódiuns das corridas que participa.
Por outro lado...
A ira dos cruzeirenses se deve ao fato de tal jogada de marketing ter sido um claro oportunismo da direção rival, que sem fazer nenhum tipo de investimento no esporte, teve sua bandeira no pódium da principal maratona do país, uma das mais tradicionais do mundo.
Com esse argumento, os cruzeirenses têm razão. Seria muito mais "limpo" e positivo para o esporte se o Clube Atlético Mineiro acompanhasse a atitude de seu rival e criasse uma equipe de atletismo, com patrocinadores, atletas de ponta e bons treinadores, investindo assim, de fato, no esporte, e não em simples oportunidades.
Por outro lado, a direção atleticana, imbuída de uma espécie de "princípio do mundo dos negócios", foi esperta e puxou o tapete dos cruzeirenses, numa "jogada de mestre" que gerou repercussão nacional.
Mais polêmica
Participaram nessa quarta-feira do programa esportivo Alterosa Esporte (transmitido apenas para Minas Gerais no canal SBT) o supervisor técnico da equipe de atletismo do Cruzeiro, Alexandre Minardi, e o presidente do Clube Atlético Mineiro, Ziza Valadares (este participou por telefone).
Minardi se mostrava indignado com a situação, considerando a atitude um desrespeito e um mero oportunismo do rival. Ziza Valadares (foto), por telefone, mostrou extremo amadorismo e falta de ética em seu discurso, quando disse, em tom de ironia e em meio a algumas risadas: "Minardi, não se irrite. Os quenianos treinam escondidos no Galo desde pequenos, nós escodemos os dois lá".
A atitude do presidente atleticano sujou bastante a atitude. De uma grande jogada de marketing, seu discurso "de conversa de buteco" desmoralizou seu próprio clube, já que o presidente se mostrou apenas como um oportunista no caso. Certamente seria muito melhor para a imagem do clube em meio a essa polêmica que seu presidente, em tal participação no programa, elogiasse a atitude do depto. de marketing atleticano e tratasse a situação como o primeiro presente do centenário para sua torcida. O que Ziza fez foi mostrar uma falta de ética e transformar a esperta atitude num jogo sujo e oportunista.
Fico porém com a posição de que foi uma grande jogada do Clube Atlético Mineiro, um verdadeiro "drible de marketing" que o clube deu em seu rival, esquecendo-me assim da posição ruim que o presidente do clube adotou em relação ao assunto e parabenizando apenas os profissionais que elaboraram tal atitude.
Nova oportunidade
A bela jogada de marketing atleticana tem agora uma grande oportunidade de se desenvolver. Com espaço "de sobra" na mídia nesse segmento, o clube poderia aproveitar o momento para desenvolver uma equipe de atletismo, indicando para esta um supervisor e trazendo um parceiro para investir nesse esporte do clube.
Certamente seria muito interessante para alguma empresa se associar ao clube nesse projeto, graças ao espaço que o clube conquistou na mídia com o caso das bandeiras na São Silvestre. A situação é um "prato cheio" para o clube, que tem tudo para dar seguimento a seu envolvimento no atletismo em pleno ano de seu centenário.
No fim das contas...
Bom mesmo é ver uma rivalidade tão tradicional, fora do eixo Rio-São Paulo, como a dos clubes mineiros, terminar o ano em amplo destaque na mídia nacional. E o mais curioso é que os clubes ficaram em alta num período em que normalmente o futebol está em baixa, o período de férias, onde não há jogos e nem sequer treinamentos.
E que tanto dentro de campo quanto fora dele - no campo dos negócios -, a rivalidade entre cruzeiro e atlético seja sadia, ganhe mais espaço na mídia nacional e que como em toda disputa: que vença o melhor!
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
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